Revelação da J-League, Caio pode ser próximo brasileiro na seleção japonesa
A seleção japonesa pode ter um brasileiro naturalizado na próxima Copa do Mundo - a menos que o Brasil o chame antes. Aos 20 anos, Caio Lucas Fernandes vive sua primeira temporada como profissional e é uma das revelações da J-League em 2014. O meia ofensivo que passou pela base do São Paulo está na Terra do Sol Nascente desde 2011, quando tinha 17 anos e foi convidado para estudar e jogar bola no Colégio Internacional de Chiba. No futebol colegial, Caio se destacou a ponto de chamar a atenção de um dos maiores times do país, o Kashima Antlers, que o contratou em janeiro deste ano. Pelas boas atuações e potencial que tem mostrado, uma pergunta começou a surgir entre os japoneses: será que o brasileiro aceitaria se naturalizar para defender os Samurais Azuis?
"Aceitaria, sem dúvida aceitaria", revelou Caio em entrevista ao Futebol no Japão. "É um país que me ajudou muito, eu virei profissional aqui. Acho que eu devo muito ao Japão", afirma.
Desconhecido no início do ano, Caio é uma das sensações da temporada da J1 / Foto: Koki Nagahama
Caio começou na escolinha do América de Araçatuba, sua cidade natal, aos 8 anos. Dos 11 aos 16 jogou nas categorias de base do São Paulo. Aos 17, veio a oportunidade que mudaria sua vida. "Foi um teste que teve de uma escola japonesa numa cidade do lado da minha chamada Birigui", conta Caio. "Então eu fui nesse teste, os japoneses gostaram de mim e pediram pra eu vir estudar e jogar na escola deles."
O garoto deixou a família no Brasil e foi sozinho para o Colégio Internacional de Chiba (chamado de Chiba Kokusai), principalmente para jogar futebol. Mas ele também precisava estudar e teve que aprender japonês na marra. "[Na escola] era tudo em japonês, a única pessoa que falava português lá era o diretor. Ele não falava tanto assim, mas me ajudava muito. Só que eu dei a cara a tapa e tive que aprender sozinho." Hoje ele já se vira no idioma e diz que não precisa de intérprete.
No time da escola, Caio teve a companhia de mais um brasileiro: Wellington Daniel Bueno, conhecido apenas como Bueno. Um ano mais novo e atuando como zagueiro, ele chegou ao colégio japonês da mesma forma que Caio: através de um teste que a escola fez no Brasil. No Chiba Kokusai eles tiveram aulas em separado para aprender o idioma. "Nas aulas em japonês eu nem prestava atenção, não entendia nada. Só depois que eu comecei a entender, no começo é muito complicado", revela Bueno.
Foi jogando nos torneios colegiais que os dois chamaram a atenção de grandes clubes da J-League. Caio conta: "Conseguimos levantar a equipe do Chiba Kokusai, chegamos em quarto [em um torneio nacional], foi uma coisa que nunca tinha acontecido. E graças a Deus deu tudo certo, foi aí que a gente conseguiu aparecer para os clubes." Caio foi contratado pelo Kashima Antlers em janeiro deste ano, e em agosto Bueno assinou com o Shimizu S-Pulse.
O time do Colégio Chiba Kokusai em 2013: Caio (camisa 11) e Bueno (4) jogavam e estudavam juntos / Foto: Heibon Nikki
"Eu fiquei muito feliz. Porque era um sonho de quando eu saí de Araçatuba, vir pra cá e voltar pra casa profissional", diz Caio. "Foi uma coisa que eu coloquei na minha mente, pedia sempre pra Deus sabedoria e tinha certeza que ia dar certo porque a minha fé em Deus é maior que tudo. Sei que eu tenho futebol pra isso e quando eu fiquei sabendo [do contrato com o Kashima], eu falei 'agora é só mostrar o dobro do que eu trabalhei até hoje pra chegar onde eu quero'. Quando eu cheguei pra fazer o teste, fui com vontade e raça e peguei aquilo lá com as duas mãos e os dois pés, porque sabia que era a única oportunidade que eu tinha."
No Japão, a transição entre o futebol colegial e o profissional costuma levar um tempo e dificilmente os calouros têm muitas chances de jogar no primeiro ano na J-League. "Pra falar a verdade, muitas pessoas não acreditavam que eu ia jogar", admitiu. "E eu tô jogando, fazendo gol, ajudando minha equipe", comemora. Caio estreou já na terceira rodada, ao entrar no final da partida contra o Sagan Tosu. Na sexta rodada ele foi titular pela primeira vez, marcou gol contra o Gamba Osaka e ganhou um lugar no onze inicial do técnico Toninho Cerezo. Atuando principalmente como meia esquerdo no 4-2-3-1 do Antlers, o brasileiro tem sete gols e duas assistências em 28 jogos na J1, sendo 23 como titular. Foi a primeira vez na história do Antlers que um jogador contratado de um colégio fez tantos gols na temporada de estreia.
Apesar de ter a naturalização em mente, Caio não deixa de pensar também na seleção brasileira. Ainda mais depois que um jogador que atua no Japão, o zagueiro Dudu (Kashiwa Reysol) foi convocado para a seleção olímpica do técnico Alexandre Gallo. "Mexeu comigo, me deu uma motivação maior", conta. "Me deu um motivo a mais pra me esforçar mais ainda porque dá pra ver que eles não veem só um lugar, veem todo lugar do mundo. É claro que todo brasileiro quando vira jogador quer defender o seu manto, quer defender a seleção brasileira. Mas... Eu ouço, às vezes, o povo falar, que quer que eu jogue pela seleção japonesa. Mas é aquilo, tem aquele porém, eu tenho que esperar mais um tempo pra me naturalizar, né? Só que, claro, a vontade é grande. Eu não sei o que te dizer, mas nada que me impeça de eu defender a seleção japonesa", afirma.
Caio (à direita) jogou nas categorias de base do Tricolor Paulista entre 2005 e 2009. "Ele é o típico jogador do São Paulo: rápido, versátil e inteligente", analisou Toninho Cerezo / Foto: Arquivo pessoal
Toninho Cerezo, atual treinador de Caio no Kashima Antlers, o avaliou como "um rapaz que está se formando aqui no Japão. Ele cresceu muito neste ano. É um jogador veloz, que protege muito bem a bola... Aqui no Kashima ele está jogando de meia pelo lado esquerdo, mas ele é destro. Ele só precisa ter um pouco mais de visão de jogo e aproveitar melhor o chute, porque ele chuta muito bem tirando do goleiro, tem uma pancada na perna direita muito forte. Isso aí com os treinamentos ele vai aprimorando."
Sobre uma eventual naturalização do jogador, Cerezo diz: "Bom, eu não sei. Ele está fazendo a história dele aqui no Japão, né? Ele também pode ser convocado pelo sub-21 do Brasil. Acredito que o sonho dele é pensando em termos de Japão porque ele vive aqui, né? Ele fala japonês, estudou em escola japonesa. Ele tem essas coisas como disciplina, aquele respeito pelo adversário dentro de campo, que é uma coisa bem japonesa. Mas ele também tem a ginga do jogador brasileiro, a malícia de proteger e sair de uma jogada mais dura. É um menino ainda, precisa amadurecer. Mas está no caminho certo. Agora, o futuro dele só pertence a ele", concluiu.
カイオを紹介するブラジルのGlobo紙である。
8歳からサッカーを始め、サンパウロの下部組織にてプレイして、来日したこと、プロになってブラジルに帰れて幸せなことなどが綴られておる。
カイオは「全てのブラジル人選手がブラジル代表を夢見ている。それは当たり前の事。でも同時に僕の日本代表入りを願っている人がいる事も知っている。まだ日本国籍を取るには時間が必要」とセレソンへの夢と日本国籍取得と日本代表入りについて述べる。
我らとしては日の丸を背負うカイオに希望を持つが、鹿島は発のセレソンも素晴らしい。
また、トニーニョ・セレーゾ監督はカイオについて、相手に対するリスペクトを忘れない日本人的なところとブラジル人的なマリーシアを併せ持つと言う。
これからも長きに渡って鹿島を引っ張っていって欲しい。
楽しみな若者である。