Toninho Cerezo: “Osako é diferenciado”
Na reta final da disputa por mais um título da J-League, técnico brasileiro fala sobre as duas passagens pelo time mais vencedor do futebol japonês
Nos 20 anos de existência da J-League, ninguém conquistou tantos títulos como o Kashima Antlers – sete na liga e nove em copas nacionais (Imperador e Nabisco) -, mesmo sendo de uma pequena cidade do interior com pouco mais de 60 mil habitantes. Criou-se no clube a tradição de ter sempre treinadores e jogadores brasileiros. Entre os técnicos, Toninho Cerezo é o que tem mais tempo de Antlers. Sua primeira passagem foi entre 2000 e 2005, e em 2013 retornou para a sétima temporada no comando da equipe da província de Ibaraki. Este ano venceu a Copa Suruga (mantendo a escrita do time de pelo menos um título por ano desde 2007) e, a quatro rodadas do fim da edição atual da J1, o Kashima está em quarto lugar e ainda com chances de ser campeão. Confira a entrevista exclusiva do ex-volante da seleção brasileira ao Futebol no Japão:
Antônio Carlos Cerezo (Toninho Cerezo)
Data de nascimento: 21/04/1955 (58 anos)
Clubes que treinou: Atlético-MG, Vitória, Guarani, Sport, Al Hilal (Arábia Saudita), Al Shabab (EAU), Al Ain (EAU), Kashima Antlers
Títulos no Kashima: 2 J-Leagues (2000 e 2001), 2 Copas Nabisco (2000 e 2002), 1 Copa do Imperador (2000), 1 Copa dos Campeões A3 (2003), 1 Copa Suruga (2013)
Futebol no Japão: Na sua opinião, onde o Kashima acertou para se tornar o time mais vitorioso da era profissional no Japão?
Toninho Cerezo: No primeiro período de trabalho aqui no Kashima, eu perguntei ao presidente Ushijima por que o clube só contratava treinadores brasileiros. Ele simplesmente me respondeu: “Porque o futebol do Brasil é o melhor do mundo. Se fosse para contratar um treinador de sumô, eu contrataria um japonês.”
Quais as diferenças deste Kashima de 2013 com o que você treinou entre 2000 e 2005?
Em minha primeira passagem pelo Kashima, eu encontrei um time com um número grande de jogadores em idade elevada, e com grande qualidade técnica e força: Akita, Narahashi, Soma, Kumagaya, Honda, Hasegawa, Takakuwa… E um grupo de garotos de personalidade e técnica refinada: Ogasawara, Nakata, Kaneko, Motoyama, Hirase, Yanagisawa, Suzuki, Uchida, Haneda, Nozawa… Esses jovens assimilaram muito rápido o que eu queria, juntamos a experiência com a juventude e fizemos uma grande equipe, onde ganhamos todas as competições. Deixamos uma equipe jovem, que hoje são, podemos chamar, os veteranos do Kashima. Em 2000, tivemos uma safra muito boa de bons jogadores jovens, agora as coisas são mais difíceis. A competição com os clubes é maior pelos jovens atletas.
Em questão de meias ofensivos, nenhum outro time no Japão tem tantas boas opções como o Kashima. Além de Yasushi Endo, Nozawa, Motoyama e Juninho, há muito talento entre os mais jovens, como Atsutaka Nakamura, Doi e Umebachi. Ainda mais por ter Osako e Davi no ataque, tem sido um dilema decidir quais deles escalar e se o time joga com três meias (4-2-3-1) ou com dois atacantes (4-4-2)? Como você acha que o time rende mais?
Nozawa, Motoyama e Juninho são jogadores mais experientes. Endo, Nakamura e Umebachi são jogadores que podem melhorar. Osako é um jogador diferenciado. Nós jogamos no 4-2-3-1, nosso grupo é pequeno, mas um grupo muito unido, não tenho problema para escalar a melhor formação.
O Kashima tem a melhor campanha como mandante no campeonato, mas não tem ido muito bem nos jogos fora de Ibaraki. Qual a razão para o time ir tão bem em casa mas não render tanto como visitante?
No geral, todas as equipes da J-League têm esse problema. Nossa equipe, devido à faixa de idade, perde força no segundo tempo.
Como foi enfrentar o São Paulo na Copa Suruga? Como você preparou sua equipe e qual a sensação ao derrotar o ex-clube (e ainda causar a primeira derrota na história do São Paulo em solo japonês)?
Realmente foi um grande jogo, porque foi com cinco gols. Foi emocionante, e com grande público, 26 mil. Mas tudo se resume a uma competição. Depois do jogo, fui jantar com o então treinador Paulo Autuori e a turma do São Paulo. Carinho e gratidão eu terei sempre pelo Tricolor.
Para você, o problema dos jogadores japoneses é o fator psicológico no momento de pressão? Ou seria a falta de ousadia?
Sem dúvida, uma grande força do futebol japonês é o seu coletivo. Esse país só tem 20 anos de futebol [profissional] e já será a quinta vez que vai para a Copa do Mundo. Uma pitada de ousadia é sempre bom para a criatividade.
A seleção japonesa tem sofrido para encontrar o centroavante ideal. Você acha que o Osako pode ser esse jogador? O Zaccheroni ainda tem condições de fazer uma boa campanha com o Japão na Copa do Mundo?
Zaccheroni é um grande treinador. Eu já o conhecia da Itália. Está fazendo um bom papel e vai dar trabalho nessa Copa. Osako é um jogador diferenciado, jovem, tem força e velocidade. Além de boa impulsão, finaliza bem. É corajoso, vai ajudar muito o Japão.
O Shibasaki e o Yasushi Endo também podem ser boas opções para a seleção japonesa?
Nesse setor o Japão possui bons jogadores, seriam mais duas opções para o treinador.
Gostaria que você fizesse uma breve análise da evolução da J-League nos últimos anos. O que estão fazendo certo e o que estão fazendo errado? Tem algo que o Brasileirão poderia pegar como exemplo?
Em 20 anos de futebol o Japão cresceu muito, japoneses são jogadores de técnica e velocidade. O número de jogadores japoneses jogando fora cresceu. O sumô, beisebol e o futebol aqui têm grande público. Aqui no Japão tudo funciona, são muito organizados e trabalham em cima de um planejamento, são extremamente eficientes. É difícil comparar com um país que tem mais de 100 anos de futebol que é o Brasil.
O que achou da mudança no formato do campeonato para dois estágios a partir de 2015? Você concorda com a mudança ou prefere os pontos corridos?
Toda mudança precisa de tempo, só na prática é que saberemos o resultado.
Se você treinasse um time no Brasil e pudesse escolher algum jogador japonês para levar com você, quem seria?
O japonês tem uma qualidade muito importante para o futebol, que é a velocidade. Tecnicamente e taticamente, cresceram muito. Muitos jogadores poderiam jogar no Brasil. Conheço vários jogadores que fizeram temporada no Brasil. A medida dos campos no Brasil é mesma do Japão, talvez pela pressão e loucura do futebol brasileiro, os japoneses possam sentir um peso de diferença.
Artilheiro do Kashima na temporada (22 gols em todas as competições),
Osako é aposta de Cerezo também para a seleção japonesa / Foto: Soccer King
Globoe紙のインタビューに応えるトニーニョ・セレーゾ監督である。
前回のチームと比べて今のチームがどのようなものかを語っておる。
また2015年から採用されるとされる2シーズン制についても。
ブラジルのレジェンドであるトニーニョ・セレーゾの見識は深い。
彼と共にサッカー界の頂点を目指して戦っていこうではないか。
楽しみである。